Piercing e acupuntura: mitos e verdades

 

Os piercings surgiram com força total nos anos 90 e desde então homens e mulheres aderiram a estes acessórios que podem ser colocados em diferentes locais no corpo.

 

Há quem diga que, além de decorativos, os piercings podem ser capazes de influenciar vontades por meio de estímulos às terminações nervosas do corpo, como acontece em sessões de acupuntura, por exemplo. Será?

 

Profissional de Body Piercing da 4Tattoo Studios, Julia Veiga afirma que isso é parcialmente verdade. “Pela minha experiência, acredito somente no efeito produzido pelo daith piercing, que é responsável por amenizar e curar dores de cabeça. Mas não posso afirmar que outros locais como tragus, hélix, lóbulo também não influenciem em algo no corpo”, explica.

 

O Daith Piercing é o acessório usado na dobrinha da cartilagem da orelha, pressionando um ponto de acupuntura que seria responsável por liberar analgésicos naturais para o corpo.

 

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Para a body piercer Marcela Fajardo, é possível obter resultados na cura da enxaqueca, entre outros males, se houver a união das duas técnicas:

 

“Segundo a medicina tradicional chinesa, nós possuímos uma energia vital denominada qi ou chi, que circula por todo o corpo por canais meridianos, os ‘mapas’. Por algum motivo de estresse ou lesão, eles ficam obstruídos, e quando estimulamos, ou ‘colocamos o piercings’ há uma sensação de alívio, saciedade. Outro ponto de vista é que colocar um piercing em determinado local estimula as terminações nervosas enviando mensagens ao cérebro provocando uma série de efeitos no corpo, como a liberação das endorfinas e a dopamina, que são bem conhecidas como hormônios do prazer. Eu particularmente sou adepta às duas teorias, pois após tratamentos de acupuntura e a colocação de alguns piercings em pontos estratégicos da minha orelha, eu pude vivenciar os resultados”, explica.

 

No entanto, para o médico Emad Emestalmak, especialista em dores de cabeça, “não há nada na literatura médica que apoie tal procedimento para tratar a enxaqueca”, segundo sua declaração à revista científica Cleveland Clinic, replicada pelo Catraca Livre. Para ele, o efeito do Daith Piercing é apenas placebo.

 

Placebo ou não, os relatos de melhora existem e daí começa, então, uma questão ainda mais importante na escolha por colocar um piercing: onde colocar e como colocar.

 

Julia Veiga explica que as consequências de um piercing colocado incorretamente podem ser graves e, portanto, é fundamental escolher um profissional de excelência neste momento.

 

“Na orelha, por exemplo, ilumino a parte de trás da orelha do cliente com uma lanterna, vejo onde passa vasos sanguíneos, traço os pontos onde não passam esses vasos e peço para que o cliente escolha entre os que eu marquei. No umbigo, é preciso estar bem centralizado, então meço do queixo da cliente até o umbigo. O mamilo tem que ser furado no bico e nunca na auréola. No nariz, o piercing é geralmente colocado na ‘curva’, mas quando a cliente pretende usar a argola no futuro, eu faço a perfuração um pouco mais abaixo. No septo, todos temos uma ‘valinha’ nessa região e ali que é o correto de furar”, conta.

 

 

E quanto à dor? Após escolher um bom profissional e a região do corpo onde colocar o piercing, chega o momento tão esperado por uns e tão temido por outros.

 

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Marcela Fajardo explica que as áreas que têm mais terminações nervosas consequentemente vão sofrer mais estímulos, porém não tem relação alguma com a dor.

 

 

“A dor varia muito de pessoa para pessoa.Cada pessoa tem um corpo, uma sensibilidade e uma reação. Em alguns casos a colocação de um piercing pode afetar a sensibilidade do local para mais ou para menos, e em outros casos pode continuar a mesma coisa de antes. E se o cliente quer colocar só por fins estéticos, é analisado de acordo com a harmonia da joia com a região do corpo. Se for por outros motivos, é analisado o ponto predestinado pela medicina tradicional chinesa”, resume a profissional.

 

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